terça-feira, 13 de julho de 2010


Diálogo do encorajamento

Olívia de Cássia – jornalista

É inverno em meu coração, estou triste nessa madrugada. A chuva cai lá fora, faz frio. Já é terça-feira, 13 de julho de 2010. Faz tempo, Diário, que não dialogamos. Somos tão cúmplices, tão passionais e nem assim eu te procurei mais cedo, com mais freqüência, como fazia nos velhos tempos da adolescência e juventude, para falar do que vai em mim, no meu coraçãozinho tolo, tão frágil, dos meus sentimentos mais puros, que tu sabes, às vezes são dilacerados.
Não preciso de muita coisa para ser feliz, só quero o suficiente. Estou com medo da violência diária que a gente vê e ouve nos meios de comunicação. É tudo muito assustador. Tanta coisa a dizer que nem sei como vou começar a te confessar, meu amigo Diário.
Eu não queria magoar ninguém, já fui tão magoada, tão desprezada e abandonada que não queria fazer isso com outra pessoa. Uma despedida é sempre dolorida, quando se tem algum sentimento bom dentro da gente, mesmo que esse sentimento seja de carinho e respeito pela outra pessoa de quem estamos nos despedindo.
Às vezes, Diário, a gente tem que procurar outro caminho, outra direção. Agora eu sei, eu tenho certeza, se não for isso, a gente perde o respeito dos outros e da gente mesmo. Vejo como é difícil tomar uma decisão e não magoar quem está por perto de nós. Sempre tive esse medo de magoar os outros, de dizer não. Acabo sempre ferida por ser assim.
A partida é dolorosa, para quem vai e para quem fica também. Não deveria ser assim doído. Cada um deve ir pro seu lado e pronto. A vida poderia ser assim tão fácil e prática, sem rodeios, sem subterfúgios, sem vínculos, sem dor, sem mágoas. Mas não há nada na vida que a gente faça que não tenha conseqüências, aprendi isso com a idade já passada.
São poucas as pessoas que tiram ensinamentos das adversidades. Quando não existe maturidade de um dos lados, sempre a corda arrebenta do lado mais fraco mesmo, como diz o velho dito popular, já tão desgastado pelo uso, arrebenta lá onde há mais fragilidades e sempre com muito impacto.
Quando existem tantas diferenças entre duas pessoas, tantos estranhamentos, fica difícil a gente tornar esse relacionamento maduro e às vezes a gente toma atitudes que até desconhece a força que tem, como os elefantes. Acho que a minha felicidade é a minha liberdade. Não tenho medo de ficar sozinha, a solidão me alimenta a alma, para que eu possa tirar dela bons ensinamentos, boas leituras e bons textos.
Preciso desse tempo para mim, para minha solidão interior, para me encontrar, me reciclar e voltar à vida com mais vigor. E só posso fazer isso quase sempre quando estou só com meus pensamentos e lamentos. Sempre lutei com unhas e dentes por essa liberdade que tanto professei e é em nome dessa liberdade, Diário, que recomeço de agora em diante uma nova vida, que espero, seja mais serena, de paz, harmonia e felicidade.

2 comentários:

Gagacia disse...

Diálogo do encorajamento.

Nada melhor pra acalmar a alma que um desabafo.
A pior solidão é a dois!
Bjus amiga e vai em frente!

Elizangela disse...

A solidão As vezes é o melhor remédio para muitas coisas!
Adorei o texto.

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