segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A resposta das urnas


Olívia de Cássia – jornalista

O País amanheceu de ressaca, uma ressaca eleitoral depois de um pleito em que o brasileiro votou em presidente, governador, deputados estaduais e federais e senadores. Para aqueles governadores que já foram eleitos no primeiro turno e para os candidatos que não conseguiram se eleger este ano, a experiência de agora pode servir de lição. Uma boa lição.
O grande fenômeno nas urnas, em nível nacional, foi o palhaço Tiririca (PR), eleito com 1.354 milhão de votos e levou consigo mais quatro parlamentares para a Câmara Federal. Tiririca usou de toda a sua irreverência como palhaço de circo mambembe, fenômeno que conquistou o país por meio de vídeos na internet, tendo sido eleito pelo maior colégio eleitoral, o de São Paulo, que tanto critica os alagoanos por não saberem escolher seus candidatos.
Segundo o agora parlamentar declarou, não sabe o que faz um deputado federal e conquistou a simpatia do eleitorado afirmando que quando chegasse lá diria. Pois bem, agora vai ter que aprender a lição e saber os deveres civis de um deputado federal, para transmitir a mensagem ao eleitorado que acreditou na sua propaganda anarquista.
No âmbito da Presidência, a ex-ministra Dilma não se elegeu logo no primeiro turno, como indicavam as pesquisas dos principais institutos do País. De última hora os adversários lançaram mão de uma arma perigosa: a calúnia, difundida amplamente na internet e no boca a boca, fato que tirou alguns votos de Dilma que migraram para a candidata do Partido Verde, Marina Silva.
Evangélica de formação, ninguém esperava que os marqueteiros da candidata verde fossem usar de má-fé e espalhar um boato de que Dilma teria dito que nem Deus impediria sua vitória. Coisa de baixo clero mesmo e que indignou grande parte dos brasileiros. Espera-se que o mal entendido seja desmentido e que a candidata do presidente Lula consiga conquistar os votos do eleitorado de Marina.
Para o Senado, em Alagoas, a grande surpresa foi a vitória esmagadora do deputado federal Benedito de Lira (PP), que superou a votação do senador Renan Calheiros, até então favorito na campanha. Os propagandistas do Biu ousaram com uma peça de marketing diferenciada, usando uma caricatura semelhante a uma xilogravura (o Cabeça) que conquistou os votos dos alagoanos.
Foi a maior votação para a vaga, no Estado de Alagoas, derrotando a vereadora e ex-senadora Heloísa Helena (PSOL), que era a candidata líder das pesquisas, antes da propaganda eleitoral, preferida de alguns intelectuais, juventude e crianças. Há quem diga que Loló foi derrotada por falta de humildade, pelo seu estilo bateu levou.
Aliás, a falta de humildade é uma característica que venho acompanhando no meio político e que tenho presenciado em muitas lideranças que precisam fazer uma reciclagem intelectual, espiritual e logística. Tem muita gente que era favorita e que perdeu votos por isso e é bom que os pretensos candidatos a futuras eleições façam uma reflexão sobre isso.
Na Assembleia Legislativa houve uma renovação de onze deputados, mas o quadro ainda não está definido por conta da não-computação dos votos dos deputados João Beltrão (PRTB) e Alberto Sextafeira (PSB) que estão enquadrados na Lei da Ficha Limpa. O cenário pode mudar ainda.
União dos Palmares elegeu dois deputados: Nelito Gomes de Barros (PSDB) e Jeferson Morais (DEM), nascido na Usina Laginha. Nelito manteve seu mandato, mas muita gente, quando ele se elegeu no primeiro, argumentava que não ia passar daquele. Engano, contrariando as expectativas, o filho do ex-governador Manoel Gomes de Barros manteve a tradição da família e conseguiu se reeleger. Teve os seus méritos, seja de que maneira tenha sido.
Muita gente em União critica o fato de Nelito ter sido reeleito, ontem eu comentava que ele está no seu papel, garantindo o seu status quo. Tem gente que passa o tempo todo criticando os parlamentares, mas na hora de votar, votam nos mesmos que criticam a vida toda; se vendem por 50 reais, votam por obediência, por tijolos e outros benefícios.
Avalio que essas pessoas que venderam o voto e que votaram dessa forma não têm o direito de criticar Nelito ou outro parlamentar. A culpa não é dele e sim de quem acha que ele está errado, mas vota nele. O que acham os meus leitores????

3 comentários:

Anônimo disse...

Excelente análise, olívia! Até agora só vejo gente dando risada quando tiririca aparece, mas ainda haverá choro e ranger de dentes. imagine uma discussão sobre reforma política ou células tronco e avalie a contribuição de tirirca ao debate. com todo respeito aos palhaços, fazer rir é uma coisa, legislar é outra bem diferente... sobre venda de votos, candidato que faz isso, sabe logo o eleitor que nada poderá ser cobrado, é óbvio! alagoas, esse estado miserável do brasil, merecia muito mais do que praias lindas e uma gente tão afável... nossos políticos andam bem distantes das necessidades da população, em parte porque reopresentam interesses outros bem distintos... taí nelito e quem vota nele sabe - ou deveria saber. abraço, rossana

Gagacia disse...

Olívia concordo com vc e mais, enquanto nos brasileiros não aprendermos a votar escolhendo o melhor candidato por suas propostas e trabalhos prestados ao nosso país ainda teremos muitos TIRIRICAS da vida nós representado no Congresso Nacional. Tem que acabar com essa de votos de protesto. protestar pra que?....Pra colocar um analfabeto e "palhaço" (com todo respeito aos palhaços que muito admiro e que fizeram parte de minha infância nos circos de União)para levar a voz do povo brasileiro no Congresso isso é demais pra mim. Que venha logo a reforma eleitoral para não servirmos de chacota em todo o mundo por nossas escolhas. Bjus e parabéns!

Elizangela disse...

Compra-se voto porque tem quem venda!

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