segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Minha insônia...

Olívia de Cássia – jornalista


Quando a gente está acostumada a uma rotina de vida, fica difícil quando ela é quebrada, pelo menos comigo funciona assim. Me acostumei a dormir tarde, a ficar horas e horas na frente do computador: seja escrevendo, baixando fotos. Em sites de relacionamento ou vendo notícias. Isso também acontece no fim de semana: é o meu trabalho e minha diversão, tarefas que cumpro com prazer e com satisfação.

Nunca tive medo de dormir só, de morar sozinha e de ficar sem companhia, mas no dia do apagão que aconteceu em quase todo o Nordeste, eu inventei de acender uma vela, quando cheguei da Tribuna Independente, daquelas de sete dias. Quando fui deitar, uma sensação estranha invadiu meu quarto.

Mal eu cochilava e fechava o olho, começavam a surgir vultos dentro do quarto, uma coisa pesada e sem identificação. Levantei e apaguei a vela e só assim conseguir dormir tranqüila. Nunca tinha vivenciado isso antes.

Tem duas semanas que minha rotina foi interrompida, por problemas técnicos e operacionais em casa. Nem sei quando isso vai ser resolvido, mas está me fazendo uma falta danada a tecnologia. O sono não vem com facilidade, acostumada que estou a dormir tarde.

Fui na estante e peguei outro livro já lido para matar o tempo. Por coincidência escolhi Insônia, de Graciliano Ramos, o Mestre Graça, cujo primeiro texto já começa tratando justamente da inquietação do autor diante da falta do sono ou da inquietação dele diante da interrupção da madorna.

Mas voltando à minha questão, para driblar a falta que o computador me faz, dormindo ligado e tocando meus CDs favoritos, ligo o rádio do celular na Educativa FM. O tempo está quente, ameaça chover.

Ligo um pouco o ar condicionado para refrescar o quarto; quando esfriar o ambiente, eu desligo o aparelho, para não gastar muita energia. Agora, mais do que nunca, tenho que fazer economia, diminuir as despesas.

Pego a câmera digital e constato que, mais uma vez, as pilhas estão descarregando e procuro resolver o problema. Semana passada, decidi que voltarei a usar a máquina fotográfica analógica, pelo menos de vez em quando, para que continue a ter utilidade por mais alguns anos.

Ainda tenho comigo mais quatro filmes que foram usados há três anos e não foram revelados. Resolvi testar para verificar se ainda têm validade. Pelo menos o que eu mandei revelar ainda prestou. Mudaram o sistema de revelação de fotos analógicas, com o avanço da tecnologia e o crescente uso das máquinas digitais.

Fotos que eram reveladas em 50 minutos, agora dão prazo de três dias e a gente tem que deixar um sinal, talvez como garantia de que vai mesmo buscar as fotos reveladas. Pelo menos comigo foi assim.

Para voltar a usar a máquina de filme vou precisar comprar novas pilhas, que não são tão baratas assim. Tenho mais fotos digitais em três a quatro anos de uso da nova tecnologia do que nos vinte anos que fotografo em máquina analógica.
O fato é que o filme limita o número de fotos a serem tiradas, também pelo preço da revelação e do novo filme. Com a digital a gente coloca tudo no CD e quase nunca revela.

O prazer não é o mesmo e eu conversava sobre isso outro dia com amigos. Na máquina digital a gente quer logo ver a foto e se não ficou boa, a gente deleta. No filme, não. Havia suspense, um mistério e a expectativa da revelação da foto, para ver se ficou legal. Volto à minha leitura, o quarto ainda não esfriou.

Sophia Loren, minha gatinha gestante, está com uma barriguinha enorme. Temo que ela não resista ao parto; ela é tão frágil e pequena! Não estou com recurso para levá-la a um veterinário.

Já preparei um cestinho para que ela fique lá quando tiver os filhotes. Ela está acostumada a dormir comigo todos os dias e vai estranhar quando não puder mais fazê-lo, por conta da ‘responsabilidade’ de mãe. Resolvo descer a escada e vou vê-la; está cansada e sonolenta, mas não quer ficar no cestinho.

No rádio toca uma música dos Beatles. Lembro da minha juventude em União dos Palmares; era tudo tão mágico, tão inocente. Uma pena que a gente não possa voltar no tempo, como naqueles filmes que a gente assiste na TV, onde os protagonistas entram na máquina do tempo e podem reviver e até mudar algumas coisas que foram vividas.

Da mesma forma que não se pode reviver o que já passou e voltando à realidade, resta apenas lembrar com doçura os bons momentos vividos naquele tempo.

Um comentário:

Anônimo disse...

nossa que legal gostei muito adoro ler (dina)

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