sábado, 12 de março de 2011

Será o fim?


Olívia de Cássia – jornalista

É madrugada de sábado, são 2h30 da matina. Meu corpo arde em febre,a garganta inflamada incomoda. O calor está insuportável. Levanto e vou ao banheiro, em seguida tomo um analgésico associado a um comprimido de amoxilina.

Quando tenho crise respiratória é com que me valho, mas é o último da cartela, se não melhorar não sei o que vou fazer. Será mais um fim de semana sem muitas novidades. O suor escorre da testa. Ligo o aparelho de ar-condicionado para refrescar um pouco o quarto.

Não dá para aguentar temperatura tão alta, mas quando esfriar o ambiente vou desligar, senão vou começar uma sessão múltipla de espirros. O suor continua intenso, os olhos ardem.

Lolita dorme aos meus pés. A cirurgia dela está um pouco inflamada, minha sobrinha a levou hoje ao veterinário que fez o procedimento cirúrgico, mas ele disse que é assim mesmo, que eu colocasse açúcar e pomada. Ela magoou o corte num avanço que o Gregório Luís deu sobre ela.

Lavei o corte com soro fisiológico e já tinha colocado o açúcar e a pomada. Aprendi esse procedimento há 26 anos, quando precisei cuidar da minha mãe que contraiu uma infecção hospitalar e precisou ficar internada por um mês no Hospital dos Usineiros.

Aprendi a fazer os curativos e quando ela teve alta do hospital, era eu que fazia o que precisava. Nessa época precisou serrar costelas e tudo e o corte ficava aberto. Aprendi na marra a cuidar dela e a cuidar dos curativos.

Uma lembrança traumática que me veio à memória agora e que não me traz pensamentos felizes. Deleta. Voltando ao presente, sinto-me agoniada com esse suor intenso. Pode ser efeito da febre; daqui a pouco vai passar.

Reparo mais uma vez no corte da barriga de Lolita. Tomara que não precise de novo abrir para fazer nova cirurgia. Meus gatos sempre passam por essas situações. Hoje acho que vou visitar os filhotes de Sophia Loren, que foram adotados pela Nina, a gata persa da Isabel. Já estou sentindo falta deles, parece até que escuto o miado deles na casa.

Queria dormir para espantar a dor de cabeça, a ardência nos olhos. Sensação esquisita essa. Será que se eu apagar a luz, eu melhoro? Também não quero que o quarto esfrie demais. Passo o dorso da mão no pescoço para sentir a temperatura do corpo, mas ainda não voltou ao normal.

Os olhos ardem. Nessas horas eu me preocupo por morar e estar sozinha. É o único momento em que isso me incomoda um pouco e lamento não ter uma filha, uma companhia para me socorrer na hora da precisão. Paciência.

Já fiz os procedimentos que aprendi no meu curso rápido e intensivo de enfermagem, quando cuidei de mamãe. Vai ficar tudo bem. Vou tomar mais um copo de água. Tomar líquido é sempre bom.

Lolita me olha da ponta dos meus pés, onde está deitada. Já lambeu e tirou toda a pomada que coloquei no corte da sua barriga. Estou impaciente, o suor volta a escorrer da minha face e do pescoço.

O rádio do celular está ligado para que eu saiba o que se passa no mundo, já que estou sem internet em casa. Foi por meio dele, que escutei a notícia do terremoto seguido do tusunami que aconteceu no Japão.

Penso em pessoas que nem conheço e que moram naquele país tão distante de nós. Quantas dificuldades devem estar passando aquele povo, que apensar da riqueza sofre com essa questão geológica. Essa é uma verdadeira catástrofe.

As coisas que acontecem em minha vida são grãos de areia ou de mostarda de comparadas com tudo isso.

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