terça-feira, 29 de maio de 2012

A noite fria...

Olívia de Cássia Correia de Cerqueira

A noite fria anuncia que vai chover. Meu coração bate mais forte, cansado. Olho pela janela e a chuva começa a cair anunciando o inverno. No outro lado do quarteirão, os cães ladram. Ouço o barulho das ondas do mar.

O mar de tantos segredos e mistérios. O mar guarda segredos, nossas confidências da juventude. Tem tantos mistérios o mar! Faz tempo que não confidencio meus segredos para o mar!

Recosto-me nos travesseiros cansada. O chazinho começou a fazer efeito de novo. O suor escorre do meu rosto. Ouço um grande estouro lá fora, como se fosse barulho de bomba de São João. Foi uma taboca num poste qualquer do outro lado, na Avenida da Paz.

É quase madrugada e meu gato Thor vem para cama se espreguiçando todo. Antonio Banderas, meu gato mais lindo, sumiu, não voltou mais, tem onze dias hoje que saiu de casa; as esperanças de que ele tenha sobrevivido a alguma maldade humana não existem mais.

Quem maltrata os animais tem capacidade de fazê-lo com velhos, crianças e a qualquer um de nós. Gente ruim, de má índole tem em todo canto.

A sociedade parece que está acordando do torpor e começa a reagir por conta da violência e morte de um médico. Tomara que não fique só nisso, por causa da morte de uma pessoa de classe média alta.

É preciso se indignar todos os dias, com a crescente onda de violência e cobrar das autoridades mais ação. Os jovens estão morrendo de bala, fuzis e facas, por conta das drogas.

Sinto dores por todo o corpo, cólicas e enxaqueca. Envelhecer não é fácil. Não é uma boa sensação esta, estou tentando me concentrar e relaxar para ver se isso passa. Meu caminhar já não me conduz por caminhos retos.

De repente, me vem a lembrança do passado. Em quantos braços será que estão aqueles outros braços? Em quantas bocas já depositou os seus beijos? Quantas juras mentirosas de amor ele fez a tantas mulheres?

É noite. O silêncio das ruas só é quebrado pelo rádio do celular, que dorme ligado todas as noites, acalentando meu sono. Sinto tonturas. Onde anda você? Em que parte da nossa história eu comecei a te perder?

São tantos os questionamentos que faço e que quero te fazer um dia ainda, mas que não tenho respostas! Para quê e por quê isso?

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