domingo, 10 de junho de 2012

Cadê a passeata pela paz?

Olívia de Cássia – jornalista

A sociedade alagoana continua estarrecida com os crimes que acontecem em Alagoas, todos os dias; no entanto, parece que a mobilização pela paz ocorrida no Corredor Vera Arruda, no Stella Mais, depois do assassinado do médico José Alfredo Vasco, palmarino de nascimento, esfriou e só aconteceu mesmo pela morte dele.

Não é de se admirar isso, porque parece que quando mexem com a classe bem aquinhoada, as articulações são feitas de imediato, mas em se tratando da classe pobre, nada é feito. Causa indignação. Quem vai à Vila Brejal, ao Benedito Bentes, Jacintinho e em outros locais da periferia fazer alguma coisa por essas pessoas?

Pressionado pela mobilização que foi feita de imediato no Facebook, de protesto contra o que aconteceu com José Alfredo Vasco, o governador, de pronto foi a Brasília e na volta anunciou algumas ações de combate à violência, mas de concreto mesmo, pouco se viu.

Também não vejo comentários de indignação nas redes sociais pelos assassinatos, todos os dias, de menores, jovens e crianças, tão pouco pela morte da dona-de-casa na quinta-feira e hoje de uma criança, vítimas de bala perdida na periferia da capital alagoana.

Uma pena que assassinatos só comovam quando acontece com ricos e famosos; aí é uma indignação total. E quando a imprensa critica e cobra ações, as pessoas se incomodam e agem com agressões nas redes sociais, mas o que deveriam mesmo era fazer um exame de consciência.

Enquanto a violência não tinha chegado aos bairros nobres da capital, ou estava abafada, estava todo mundo calado, “pianinho”, como diria um amigo meu.

Por que essa gente não faz uma grande mobilização nas redes sociais, também, pela morte de tantos josés e marias que acontecem todos os dias, vítimas da falta de educação, de oportunidades, de políticas públicas, de ações concretas, que venham a minimizar ou exterminar de vez esse problema, que é um câncer na sociedade do século XXI?.

Essa mesma sociedade, que estimula o consumismo exagerado de tênis importado, de últimos lançamentos da moda em tecnologia e celulares de última geração nos meios de comunicação é a mesma que não oferece grandes oportunidades para que o menino da periferia compre essas coisas caras, tenha condições de adquirir esses bens.

E o que ele vai fazer para conseguir isso? A resposta está aí nas ruas. Esse jovem vai tentar a todo custo obter aquele objeto, custe o que custar. Não precisa ser um grande teórico para saber disso. É preciso que a gente reflita sobre isso também.

Ideologia é ótimo a gente ter uma, todo mundo precisa ter a sua, mas ela, está comprovado, não enche barriga, não dá empregos e não gera bens de consumo, me perdoem os amigos que pensam diferente. Em época de ‘tchus e tchas’ de mau gosto, vamos para rua também por isso.

Ou todo mundo está anestesiado, inerte e absorto em seus próprios interesses, defendendo cada um o seu biscoito?. Cadê os movimentos sociais que não estão se mobilizando contra esse estado de guerra que estamos vivendo, ou só vão fazer algo mais concreto quando estiver bem pertinho do pleito eleitoral¿. Fica aqui a minha indignação.

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