terça-feira, 26 de junho de 2012

Êxodo rural: uma das causas da violência

Olívia de Cássia – jornalista

Muitas são as causas apontadas para o crescente aumento da violência no Brasil e no mundo. Um desses motivos foi o êxodo rural que se deu de forma acentuada no século XX. As famílias foram expulsas do campo, em busca de melhores condições e qualidade de vida.

Algumas se deram bem; outras amargaram a marginalização e a moradia em favelas nas grandes cidades. Essa baixa qualidade de vida e favelização geraram o aumento crescente da violência, o consumo e o tráfico de drogas.

Segundo Maurício Novaes Souza, engenheiro agrônomo, mestre em Recuperação de Áreas Degradadas e doutor em Engenharia de Água e Solo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), “a ausência de definição de uma política agrícola focada no longo prazo, propiciou uma acelerada onda migratória do campo para os meios urbanos durante as décadas 70 e 80 do século passado”.

A consequência maior desse fenômeno foi o aumento do número de consumidores que não são produtores. “A grande maioria dos migrantes era produtora de alimentos de subsistência, com um pequeno excedente destinado ao mercado”, observa Maurício Novaes.

Ele diz que a agricultura moderna era voltada para a exportação ou produtos agroindustriais não alimentares, tais como álcool de cana, soja e milho para ração animal. Como consequência, houve uma relativa queda na oferta de alimentos com efeitos imediatos no custo de vida.

Maurício, que é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerai, perito da Promotoria do município de Rio Pomba e Assessor da FAPEMIG, explica que a sociedade brasileira levou menos de 50 anos para transformar-se de um país agrário, exportador de produtos primários, em uma sociedade de base urbano-industrial, em que a exportação de produtos industrializados corresponde a mais da metade das exportações totais.

Dessa forma, devido às precárias condições da infraestrutura básica urbana, proliferaram as favelas em beiras de rio, com riscos de alagamento e, nas encostas, com riscos de desabamento, além das condições sanitárias e de habitação subumanas.

Outra consequência, segundo observa Maurício, é a exclusão da mão-de-obra, deixando uma camada de 20 a 30% no desemprego ou subemprego, provocando a redução no consumo de alimentos e o aumento da subnutrição dessa população migrante, aumentando significativamente a criminalidade.

Maurício Novaes Souza coloca em seu estudo, publicado em seu blog http://mauriciosnovaes.blogspot.com.br/2008/07/o-xodo-rural-e-urbanizao-triste.html, que outro sério problema criado por esse modelo foi o processo de minifundização, que conduz à pauperização e à degradação, perpetuando-se o ciclo que acelera o êxodo rural e ampliam-se os problemas urbanos.

Para que isso se resolva é necessário que os governos invistam em políticas agrárias que fixem o homem no campo, dando qualidade de vida para que produza e possa proporcionar vida digna a suas famílias.

Um comentário:

Aqui Onde Eu moro disse...

Oi Olívia,
tens razão. A questão agora é como praticar o inverso, ou seja o êxodo urbano... a concentração de terras, a monocultura e a desertificação são questões que precisam ser resolvidas antes que deixemo-nos de nos reconhecer humanos

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