sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Meus desencontros ...

Olívia de Cássia - jornalista

Demorei a entender, depois de todas as decepções que passei, que ninguém é propriedade de ninguém. A gente passa a vida inteira aprendendo conceitos e teorias que na maioria das vezes nem aplicamos na nossa rotina.

No aprendizado da vida não me disseram das tantas dificuldades que eu ia passar, por conta da minha falta de conhecimentos e traquejos no que se refere aos relacionamentos amorosos, que no meu caso foram escassos.

Dos desencontros que eu tive na vida, a maior decepção foi não ter tido uma explicação para o abandono, a indiferença e a solidão. Diante do meu desespero, depois da minha separação, fui aconselhada pela professora do cursinho de Inglês a ler o livro ‘Ninguém é de Ninguém’, de Zíbia Gaspareto, uma leitura espírita.

O livro nos faz refletir sobre o falso e o verdadeiro amor, “percebendo que a vida afetiva é um constante exercício de autodomínio e descobrindo que só possuímos a nós mesmos, pois ninguém é de ninguém”, diz a apresentação do texto.

Hoje eu sei que a maior parte das minhas atribulações foi por conta das expectativas que eu gerei em torno das outras pessoas e foi aí onde eu errei:  fiquei aguardando que o outro atendesse aos meus apelos, às minhas necessidades e vontades pessoais, que quisesse construir um mundo nosso, aquele que eu achava que existisse já há 20 anos.

Hoje eu percebo que a realidade é diferente daquilo que sonhamos, embora os sonhos sejam a mola mestra que nos impulsionam a viver. Aí de mim se não fossem meus sonhos, mesmos que eles sejam  impossíveis, delirantes e utópicos. Preciso deles para dar um sentido à minha vida de solteirice.

Eu avalio que a pior decepção que eu já passei foi a deslealdade, a falta de amor e a infidelidade. Mas isso tudo aconteceu porque faz parte da vida e porque não havia amor o suficiente da outra parte.

Eu já tive muitos desencontros na vida. Amei demais sem ser correspondida, percorri caminhos que só eu sei onde terminaram. Demorei a entender a realidade que estava posta, a minha realidade feita de solidão e só então entendi que eu sempre quis viver sozinha e que Deus estava apenas atendendo a minha vontade primeira: eu é que não estava entendendo a mensagem.

No livro Ninguém é de Ninguém,  a autora diz que “há quem pense que sentir ciúme é provar que se ama ardentemente, até descobrir que ele transforma a sua vida amorosa em dolorosa tragédia que termina em amarga separação”.

As mulheres foram criadas, em sua maioria, numa sociedade machista, conservadora e cheia de preconceitos. Se a gente for analisar os fatos de uma maneira mais acadêmica percebe que o que a gente chama de amor pode ser apenas uma paixão.

As paixões são mais passageiras, possessivas, cheias de impulsos e muitas vezes nos deixamos levar por isso e nos impregnamos de ciúmes e com isso adoecemos. Hoje eu  avalio que pode ser isso que aconteceu comigo, mas felizmente estou aprendendo com esses tantos desencontros.

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