segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Estou ficando surda


Olívia de Cássia – jornalista

Literalmente, depois de certa idade, a capacidade de audição vai diminuindo e me vejo com 50% a menos da audição do lado direito. Esse detalhe prático da vida faz com que a gente vá abstraindo crises pessoais, profissionais e o que quer que seja que apareça em nossa vida. É preciso vontade para prosseguir.

Mas não é para falar da minha surdez que venho aqui hoje. Nós que fazemos jornalismo no Estado estamos estarrecidos e entristecidos com o fechamento de mais um veículo de comunicação: o O Jornal, em Maceió, agravando o problema do desemprego crônico de jornalistas, já sem ter para onde correr.  

A crise nos jornais impressos no mundo vem acontecendo já há alguns anos. “A tragédia está em curso e não se escuta ainda uma proposta alternativa capaz de resolver uma das grandes dívidas acumuladas durante mais de século para com o povo brasileiro, a dívida informativo-cultural”, diz Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre de Brasília, na revista Carta Maior.

Ele argumenta que o  povo brasileiro é vítima de indicadores raquíticos de leitura de jornal e revista. “São trágicas as estatísticas da Unesco, estamos em pior posição que o nível de leitura de jornal na Bolívia, país mais pobre da América do Sul”, observa Beto Almeida.

E diante de mais uma crise local me vem na lembrança tudo o que nós passamos com o fechamento da extinta Tribuna de Alagoas. Cento e quarenta pessoas com salários atrasados, a ocupação do prédio por nós, a falta de pagamento das nossas questões trabalhistas, e finalmente a criação da Tribuna Independente e da Cooperativa dos Jornalistas e Gráficos – Jorgraf.

Ainda hoje a gente daqui amarga um calote, a falta de pagamento de nossos direitos, depois de quase seis  anos do fechamento do jornal e a incerteza do dia-a-dia, com mais essa crise no mercado em Alagoas.

E diante disso tudo, dá uma vontade danada de chorar, em saber que pais e mães de famílias ficam sem seus postos de trabalho e a insegurança que dá quando isso acontece com a gente. Depois de passarmos de quatro a cinco anos em uma faculdade, o sacrifício para concluir o curso, estudar e depois se deparar com uma situação assim não é fácil para ninguém.

Aos companheiros do O Jornal a nossa solidariedade de classe e quero desejar que esse impasse se resolva, sem grandes rompimentos, sem grandes desastres na vida de cada um. Boa Tarde!

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