sexta-feira, 26 de abril de 2013

E lá se foi o tempo...



Olívia de Cássia - jornalista

Já tive fases diversas na minha vida de tantos anos, como todo mundo que já chegou à minha idade.  Na infância eu tive os melhores momentos ao lado do meu avô Manoel Correia Paes, que me fazia todos os gostos, da minha avó Olívia Vieira de Siqueira;  do meu tio Antônio Paes e de todos os amigos que fiz na Rua da Ponte e depois na Tavares Bastos, em União.
A Barriguda e a Rua da Ponte são os lugares onde a minha memória afetiva se firmou e foi mais marcada. Dói-me ainda hoje não ver mais a rua querida quando vou a União e a Barriguda também passou por uma grande mudança.  Impossível esquecer todas as vivências saudosas.
Lembranças de passagens que me fizeram uma criança feliz, mesmo que eu fosse uma menina doente e cheia de problemas de baixa autoestima. Mas a gente só percebe que era feliz só sente depois que fica adulta e a bela fase já passou. É tudo muito rápido e intenso.
Já na fase da adolescência os problemas foram crescendo, a rebeldia aumentando, a teimosia se acentuado e em determinada fase eu já duvidava que fosse realmente filha da minha mãe e do meu pai, mas tudo isso era por conta da rebeldia mesmo. Com o tempo é que vamos percebendo a realidade dos fatos. 
Nossos desentendimentos eram muitos; desencontros e inconstância de relacionamento. Nenhuma de nós duas abria mão de suas opiniões e por isso dava-se tanto conflito. Mas o tempo vai mostrando os nossos erros e os nossos acertos. A vida vai  afirmando e reafirmando tudo.
Eu reconheço meus erros, sempre. Errei muito no que diz respeito a minha mãe, não nego. Dona Antônia tinha uma personalidade forte, dominadora, queria mandar em nossos destinos, parecia que só ela sabia o que era melhor para nós. E sempre queria o melhor, como toda boa mãe.
Eu não compreendia isso, via as coisas pelo meu lado rebelde, achava que talvez a gente tivesse sido inimiga em outra vida e não aceitava as opiniões dela. Por sua vez, eu relutava e  queria porque queria que ela me aceitasse como eu era, que entendesse aquele meu comportamento diferente, que ela respeitasse minhas opiniões e minhas escolhas.
Mas tudo faz parte de um contexto e  foram as escolhas que eu fiz que fizeram com que eu passasse por tudo isso: pelo sofrimento e também pelo meu crescimento interior e só depois é que a gente se dá conta disso.
Depois de tudo que já passei eu decidi que mesmo tendo errado muito, valeu a pena todos os perrengues, os bons e os maus momentos, que me fizeram ser o que sou hoje e nessa fase de agora eu já me aceito como sou, diferente de antes, da mocidade,  fase em que eu me rejeitava e talvez tenha sido essa rejeição minha que tenha causado tanto conflito com minha mãe.
Agora, na meia idade, mesmo que eu ainda passe por fases difíceis, como essa que estou vivenciando, eu resolvi escolher ser feliz. Não há nada melhor do que isso, essa escolha de a gente querer o melhor para si e para os outros, querer estar bem e em paz.
Sou um antagonismo constante, céu e terra, mar e chão, sempre  em busca de algo mais, em busca de harmonia e de paz interior. A vida da gente é cheia de contradições, impedimentos e adversidades, mas se a gente conseguir um pouco de equilíbrio consegue superar tudo com dignidade. Boa noite e um bom fim de semana para todos. Fiquem com Deus.

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