sexta-feira, 31 de maio de 2013

A revolta contra moradores de rua

Olívia de Cássia – jornalista

Está se tornando uma constante em nosso Estado, principalmente na capital alagoana, o assassinato de moradores de rua. Isso já vem acontecendo há algum tempo e eu me questiono a cada vez que tenho informação de fatos dessa natureza: o que leva o ser humano a ter tanto ódio dentro de si para praticar tal crime?

Um levantamento feito pelo Ministério Público Estadual (MPE) indica que em 2011 e 2012, foram 60 homicídios, segundo dados colhidos pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas (OAB-AL). Até o mês de abril deste ano já teriam sido quatro assassinatos, estatística que já aumentou se a gente for pesquisar a fundo a questão.

Por que se mata tanto no país e em nosso Estado? Estamos vivendo uma guerra e não estamos percebendo isso? Onde anda a democracia? Democracia de poucos? O que podemos fazer para que tal estado de coisa tenha fim? As pessoas perderam os valores familiares que aprenderam com seus pais e cuidadores? O que está acontecendo com o mundo. Por que tanta violência?

O noticiário policial nacional do dia 10 de maio informa que foram registrados em Goiânia 30 assassinatos de moradores de rua, na escuridão da madrugada. Para a polícia, quase todas as vítimas são usuárias de crack e morreram por brigas entre eles ou então por dívidas com traficantes.

Em Maceió, o mais recente caso aconteceu na madrugada desta sexta-feira (31) na Avenida Menino Marcelo, a Via Expressa, no bairro da Serraria, em Maceió. Um homem foi apedrejado até a morte. A matéria está no tribunahoje.com.

De acordo com a Polícia Militar, Jânio Márcio Gomes da Silva, de 35 anos, morreu após ser apedrejado na cabeça. Ele não tinha residência fixa. O fato aconteceu em frente a uma agência do Banco Bradesco por volta das 3h da madrugada.

O jornalista Gilberto Dimenstein, na introdução de um de seus livros, observa que a verdadeira democracia, aquela que implica o total respeito aos Direitos Humanos, está ainda bastante longe no Brasil. “Ela existe apenas no papel. O cidadão brasileiro, na realidade, usufrui de uma cidadania aparente, uma cidadania de papel. Existem em nosso país milhões de cidadãos de papel”, ressalta.

A violência urbana nas grandes cidades é sempre explicada por conta do desemprego, do êxodo rural que incha as cidades, do analfabetismo, da mortalidade infantil. Todos os cidadãos têm direito à vida, a ir e vir em qualquer lugar sem que seu direito seja cerceado. Vamos semear a paz no lugar da discórdia e da violência.

Muitas das atrocidades cometidas contra moradores de rua e pessoas indefesas, lembram a prática nazista, do extermínio, da segregação. O nazismo foi uma vergonha para o mundo e o lamentável e mais vergonhoso ainda, é saber que hoje ainda existem pessoas seguindo esses ideais.

A igualdade deve ser para todos: o mesmo direito que eu tenho de caminhar pelas ruas essas pessoas que não têm moradia e muitos nem família, também têm. Ninguém sabe o que levou essas pessoas a viverem como nômades, sem rumo e sem direção. Fica a reflexão para esta tarde.

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