terça-feira, 25 de junho de 2013

O que vejo

Olívia de Cássia  - jornalista

Diante da mobilização e das últimas manifestações de rua, iniciadas por conta da tarifa de ônibus, preferi ficar muito mais na observação do comportamento de algumas lideranças e pessoas comuns. Vi muito mais críticas ao governo do que se costuma ver, mesmo em época de eleições.

O governo vai ter que suar a camisa para reverter essa situação se quiser melhorar a sua imagem. O protesto foi visto como um fenômeno, por alguns especialistas,  posto que foi organizado e chamado pelas redes sociais: um fato nunca visto antes na história do país, já que a ferramenta tecnologia é nova por aqui.  

É clara a existência de um forte sentimento de insatisfação da população com os políticos, a polícia, o governo, os partidos e até as instituições constituídas. Ainda é muito cedo para definir esse levante cívico, pelo menos para mim que ainda estou estudando e avaliando o caso, já que não sou especialista no assunto.

Mas já  vejo alguns partidos políticos, em horário eleitoral, querendo tirar proveito disso e descendo a lenha no partido da presidente, o PT, como se também não tivesse culpa no cartório. É muito bom posar de ingênuo e puro e se excluir da culpa diante dos fatos.

Muita gente também está baixando o nível nas redes sociais, com palavras de baixo calão, com propagandas via posts que não têm graça e não enriquecem o debate, pelo contrário. Vi pessoas destilando ódios virulentos, como se política fosse uma coisa pessoal e arrotando arrogância diante de opiniões contrárias às suas.

Tenho observado gente que nunca participou de nada, de nenhuma manifestação cívica na vida agora propalar a saída da presidente Dilma; isso porque essas pessoas não votaram nela também e estão se aproveitando do momento de crise.

Hoje em União dos Palmares teve uma passeata, felizmente foi pacífica, mas logo cedo foi divulgado que iam fazer apedrejamento na sede da prefeitura. Isso os eleitores do candidato perdedor. Isso não é manifestação cívica se viesse a acontecer. As pessoas estão trocando as estações e não entenderam ainda a mensagem das ruas, não sabem o que é reivindicação política.

Esta noite a A PEC 37 foi derrubada depois dos apelos nas redes sociais e nas ruas. O País está vivendo uma crise, não se pode esconder. O governo tenta se ajustar às propostas daqueles que foram às ruas, mas vai ser difícil agradar a todo mundo.

Ainda é tudo muito novo. Tem muita gente se aproveitando desse momento critico, de crise e das manifestações na rua, para mostrar sua indignação diante da derrota eleitoral das últimas eleições.

Outros estão confundindo alhos com bugalhos e despejam toda sua ira nos políticos, no governo, mas alguns não têm ainda a clareza dos protestos. Tenho percebido isso: é como se  uma rolha tivesse sido destampada e o povo está descontando tudo, toda a sua amargura nas instituições também.

Eu avalio o desgaste dos políticos diante da população da seguinte forma: se não repensarem suas práticas não se reelegerão, isso a grande maioria e vão ter que rebolar e gastar muito dinheiro para isso.

Avalia-se que a eleição para deputado federal vá custar cinco milhões. De onde eles vão tirar esse dinheiro¿ O problema nessas horas é a confusão que muita gente faz com tudo, misturam os assuntos  e na hora do voto esquece as críticas e vota no mais ruim.

Pela primeira vez nesta segunda-feira eu vi o povo pobre na rua, que foram os favelados da Rocinha, reivindicando melhorias de infraestrutura em suas ruas, no Rio de Janeiro. Até agora só tinha visto  a classe média , filhos de políticos e de atores da globo e estudantes nessas manifestações.

Toda essa efervescência é um fato novo e avalio que renovará muita coisa na política brasileira, é bom para a democracia, mostra que estão atentos, fazendo o seu papel de cidadãos e colocando para os governantes as falhas que não enxergam de seus gabinetes confortáveis.

Nesta noite o presidente do Senado, Renan Calheiros, muito esperto, propôs a redução dos ministérios do governo, dos cargos comissionados  e a questão do passe livre para os estudantes, que seria concedido com recursos dos royalties do pré-sal.


Essa proposta já tinha sido feita por alguém que não lembro agora quem. Os ânimos estão mais amenos e é preciso muita parcimônia e traquejo político para tratar de situações assim. As reivindicações têm que ser feitas, claramente e dentro dos limites estabelecidos pela Constituição. Não adianta propor o que não vai ser colocado em prática nunca. Boa noite e fiquem com Deus!

Um comentário:

Anônimo disse...

Seu blog cada dia mais agradável, meus parabéns minha querida amiga. Desejo que Deus te conceda ser sempre assim... Ótimo trabalho!

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