quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Educação integral: uma proposta de inclusão



Olívia de Cássia – jornalista

Vivemos hoje no Brasil, apesar de alguns avanços e exemplos positivos, uma crise de identidade na educação, que começa no ensino fundamental. 

Um abismo cultural e de aprofundamento das questões básicas do ensino, que é preciso ser repensado pelos gestores e pedagogos. Investe-se muito hoje em dia em tecnologias de ponta, mas a essência do saber, em alguns casos, está um pouco perdida. 

São professores mal remunerados, reféns da violência que cresce a cada dia no país, e alguns até pouco preparados para exercerem o magistério. É um exercício hercúleo em algumas comunidades, um professor conseguir exercer a sua profissão com cidadania, sem se sentir coagido e amedrontado. 

Defender bandeiras de educação de qualidade é muito fácil em época de campanhas eleitorais, mas na prática da vida isso é pouco aplicado na maioria das situações. As escolas públicas de hoje não são mais como as de antigamente, que formavam bons profissionais e as professoras eram abnegadas senhoras que se desdobravam para dar o melhor de si para seus alunos. 

Em décadas passadas, o magistério era essencialmente uma profissão feminina; o ensino fundamental naquela época só tinha em seus quadros mulheres e elas não eram apenas nossas professoras, mas aconselhadoras, se portavam como se fossem nossas mães e era assim que eram tratadas. 

Para nós que tivemos uma educação básica de qualidade, no final da década de 60 e começo dos anos 70 do século XX, o professor era tratado com respeito e até veneração. Era uma relação de profundo amor e respeito de mão dupla. 

Nos dias de hoje os alunos não respeitam mais seus mestres e professores e a educação pública é de péssia qualidade: professores com pouca qualificação, ganhando salários ínfimos e alunos que não se interessam muito pelo conhecimento. Nos primeiros anos da escola, os alunos - a maioria das classes menos favorecidas -, vão apenas em busca da merenda, porque é a única refeição de qualidade que vão ter durante o dia. 

Por outro lado, os pais os mantêm na escola apenas para receber os benefícios oferecidos pelo Programa Bolsa Família do governo federal; isso já foi provado em pesquisas. Já está mais do que provado que a educação integral seria a solução para a educação fundamental nas escolas públicas e essa é uma bandeira defendida por alguns segmentos dos movimentos sociais. 

“As recentes políticas públicas que buscam garantir a permanência das crianças nas escolas pelo menos até o final do período da obrigatoriedade revelam a percepção, por parte da sociedade, de que existe a necessidade de construção de uma nova identidade para a escola fundamental, sendo a primeira e indispensável condição para tal a integração efetiva de todas as crianças à vida escolar”, observa Ana Maria Villela Cavaliere, doutora em Educação e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

Por esses motivos citados acima, é preciso ter um olhar especial para a educação fundamental no País e no Estado, pois ela é a base de tudo. Se o aluno não tem preparação nessa fase,  vai chegar no ensino médio com grandes deficiências no aprendizado e serão péssimos universitários: consequentemente, profissionais que deixarão muito a desejar no futuro. 

A gente percebe isso com o que é escrito nas redes sociais e também com as asneiras que são colocadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), onde a língua portuguesa é assassinada cotidianamente e não existe aprendizado nas respostas que são dadas pelos alunos. Uma boa tarde e fiquem com Deus.

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