terça-feira, 1 de outubro de 2013

Divagações ...

Olívia de Cássia – jornalista

A experiência me deu algum conhecimento de causa em algumas situações da vida e a constatação de fatos que hoje eu não posso negar que me trouxeram maturidade e um pouco de sabedoria.

Os dias foram minguando, a vida foi passando, tudo se foi rapidamente, como na passagem do tempo de um filme de ficção e eu nem percebi que ela havia voado, levando tudo: pessoas, paisagens, momentos, sentimentos (bons e ruins).

Passaram os bons momentos, mas também os que não foram tão bons assim. Lá se foram também as minhas agonias: aquelas mais profundas que eu imaginava não fosse me livrar delas nunca.

O bom da velhice é isso. Pelo menos alguma coisa de bom teria que proporcionar a quem tem o privilégio de chegar até aqui.  A ansiedade ainda se faz presente no meu interior, reconheço qu'e às vezes me pego feito adolescente: querendo e sonhando viver aventuras, como se meu corpo ainda pudesse isso e eu tivesse todos os direitos do mundo. E tenho.

 Às vezes quero voltar ao frescor da juventude, mas também reflito que naquele tempo eu não sabia o que sei agora, não conhecia a malandragem do ser humano. A maturidade foi mostrando os caminhos. Tudo na vida tem causa e consequência, é fato.

Em noites e dias desiguais a gente se pega filosofando, sonhando com a poesia, fazendo planos com dias melhores, mesmo que eles nunca venham a acontecer. Mas é bom a gente ter boas expectativas na vida, é salutar a gente acreditar, ter fé.

Diferente do que eu era ontem, hoje eu consigo acreditar que ainda posso fazer alguma coisa a mais, do que um simples ato de respirar, que eu posso lutar e conseguir algo melhor. Eu quero ser feliz e para isso eu não preciso de fortunas.

Não digo que eu não seja feliz, que não me sinta bem, mas eu quero o conforto que a idade requer e exige; aquele que eu já teria que ter sem muitas preocupações. E nessas horas me avalio sem competência para tal, mas deixa estar, tudo tem seu tempo.

Tenho esperança, ainda. Não importa a idade cronológica que eu tenha agora, não importam os impedimentos do corpo, limitado por problemas adquiridos e pela idade, mas ainda quero sonhar. Ainda ontem eu lembrava que quando jovem tentei enveredar por vários caminhos no campo das artes: não deu certo.

Eu tentei desenhar, não aprendi; quis pintar quadros, arrisquei algumas telas, que depois terminaram no lixo: mesmo assim, me arrependo de não ter continuado tentando. A vida é uma grande tentativa. Ainda é tempo.

Tem gente que nasce iluminada e consegue logo de pronto; outros tentam a vida inteira e não conseguem, mas pelo menos têm a certeza de que tentaram, de que não deixaram passar a vida em branco.

Eu tentei em várias frentes e me constatei um desastre em algumas delas, mas não me deixei seduzir pelas forças contrárias. Sou persistente na vida, se eu tenho alguma virtude, essa é uma delas, como todo brasileiro eu não desisto fácil dos meus sonhos. Boa noite!

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