segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Clínicas populares são alternativas à população de baixa renda

Foto: Sandro Lima
Olívia de Cássia – Repórter
 As clínicas populares aparecem no País como uma terceira via ao atendimento de saúde à população que não tem um plano de saúde e quer fugir da desassistência no Sistema Único de Saúde (SUS) e também por oferecer preços mais acessíveis à população. 
O sucesso dessas unidades de saúde, que também estão espalhadas por toda Maceió, principalmente em bairros da periferia, deve-se à alta taxa de retorno e aos bons serviços oferecidos à população, segundo médicos e pacientes.
Devido à lacuna gerada pelo SUS, e com o advento da ascendência das classes sociais C e D, as clínicas seguem, diariamente, lotadas. Celeridade nos atendimentos e no resultado dos exames são exemplos de benefícios apontados pelos clientes. Com preços que variam de R$ 60 a R$ 100, o atendimento nas clínicas populares em Maceió geralmente é feito de segunda a sexta-feira e a maioria delas se propõe a oferecer atendimento nas áreas mais diversas como:  ginecologia, clínico geral, psicologia, pediatria, gastro, geriatria e algumas até de odontologia.
Uma clínica médica popular dá um bom retorno para quem administra: na Clínica Alerta Médico,  uma consulta custa R$ 60, mas algumas especialidades como neurologista,  angiologista  e pneumologista  (que é terceirizado) a consulta  aumenta para R$ 80, devido a escassez desses profissionais no Estado, segundo Cristina Calheiros,  diretora da unidade.
A clínica estava de mudança para outro prédio na Avenida da Paz, no dia da visita da reportagem, mas segundo Cristina Calheiros, em breve estará com todos os atendimentos em dia. O Alerta Médico atende de 200 a 300 pacientes ao dia e a margem de movimento é mais pela manhã. As especialidades oferecidas são as mais diversas.
SERVIÇOS
 “Temos serviços de exames laboratoriais, ultrassom, eletrocardiograma, Raio X, ginecologista, entre outros.  São mais de 50 médicos que temos disponíveis. Os exames de ultrassom  os preços são variáveis, dependendo da solicitação:”, observa. A clínica também terceirizou um plano de saúde que custa ao associado R$ 68 com idade de zero a 18 anos, que é a primeira faixa; conforme a idade vai aumentando o valor também.
Maria José Oliveira dos Santos tem 29 anos e é paciente do Alerta Médico:  disse que procura o serviço para fugir da demora do atendimento do SUS e também porque não pode pagar um plano de saúde. Ela conta que foi à procura de uma ginecologista e em outra oportunidade já se consultou com um clínico geral e foi bem atendida.
“Já tem um dois anos que sou paciente daqui: trabalho em uma papelaria no comércio e ganho pouco mais que o salário mínimo, com as comissões que recebo. Eu não posso pagar um plano de saúde; o atendimento pelo SUS demora demais e por isso procurei a clínica e estou satisfeita com o atendimento”, disse Cristina.
Médico Ronaldo Luz. Foto: Adailson Calheiros
Além do preço, qualidade no atendimento  é um atrativo a mais
O médico Ronaldo Luz administra um centro de reabilitação na Avenida Maceió, no bairro do Tabuleiro do Martins, e aparece na comunidade como uma alternativa positiva. A clínica, visitada em uma quarta-feira pela reportagem da Tribuna Independente, estava lotada e as atendentes disseram que tem dias que a frequência é muito maior.
 Renata Pereira dos Santos era uma das pessoas que estavam no local aguardando  atendimento pelo médico Ronaldo Luz.  Um pouco envergonhada para dar entrevista e  apressada para sair do local, ela  confirmou que sempre procura os serviços da clínica popular porque lá é bem atendida e que está satisfeita com os serviços oferecidos.  “Sempre venho aqui e gosto do atendimento”, destacou.
Uma consulta na clínica do médico Ronaldo Luz custa R$ 100 e lá são oferecidas especialidades em várias áreas médicas como: cardiologia, ginecologia, obstetrícia, ortopedia, nutricionista, fonoaudiologia, psicologia e a fisioterapia, que tem convênio com o SUS, às quartas-feiras. O médico conta que na terça-feira ele dedica o atendimento à comunidade carente da região, “com atendimento gratuito”, e também faz pequenas cirurgias “a preços bem baratos com relação ao que é cobrado em hospitais e clínicas particulares”, reforça.
Segundo Ronaldo Luz, os preços das pequenas cirurgias para a população carente no Centro de Reabilitação Médica são acessíveis e variam de R$ 100 até R$ 300. O médico, que é o técnico responsável pela clínica, destaca que de quinze em quinze dias também faz um trabalho de responsabilidade social, no bairro de Fernão Velho, e presta atendimento gratuito no Sindicato dos Trabalhadores da extinta fábrica Carmen.  
TRATAMENTO  HUMANIZADO
Foto: Sandro Lima
Petrúcio Oliveira é dono de Clínica de Radiologia Popular
“Aqui na clínica não sai ninguém sem ser atendido: eu atendo todos os pacientes; também atendo no Hospital Santo Antônio e no Alerta Médico, onde uma consulta varia de R$ 60 a R$ 80 e uma cirurgia de histerectomia ou de vesícula custa mil reais. Em hospitais de maior porte uma cirurgia desse tipo custa R$ 3 mil”, explica.
Ele observa que as clínicas populares oferecem um tratamento humanizado e que o médico   tem que estar registrado no Conselho de Medicina para exercer a profissão. “O Conselho Federal de Medicina (CRM) fiscaliza o bom desempenho do médico para que exerça sua função e capacitação; a única observação que faço é que existe ainda deficiência nos exames de ultrassonografia e eles devem melhorar a qualidade”, destaca Ronaldo Luz.
Acompanhando a tendência desse mercado, no bairro do Jacintinho existem várias clínicas no estilo popular: umas mais simples e outras com mais recursos. Na clínica de Radiologia Popular, de propriedade de José Petrúcio de Oliveira, só tem clínica médica, a consulta custa R$ 60 e a maior parte dos serviços oferecidos é de imagem. O exame de mamografia na clínica de seu Petrúcio Oliveira custa R$ 70 e a ultrassonografia com alta resolução tem o preço variado: “de 50 a 70 reais, dependendo da solicitação do médico”, explica.
“Nossa clínica oferece preços populares, para quem não tem poder aquisito alto; estamos ampliando os serviços: atualmente oferecemos exames de Raio  X, mamografia de alta resolução, ultrassonografia e o atendimento de um clínico geral”, explica seu Petrúcio Oliveira, que não é médico mas tem um técnico responsável. Segundo o proprietário da Clínica Radiológica, diariamente a unidade de saúde atende de 15 a 20 pessoas. “Já fiz alguns convênios e estou tentando fazer com o Sistema Único de Saúde (SUS). Nosso movimento é mais pela manhã e na segunda-feira é sempre lotado”, ressalta.
Em outra clínica popular que fica no bairro da Santa Amélia, por telefone,  a atendente não quis se identificar,  mas disse que uma consulta custa R$ 60 e que a unidade de saúde oferece serviços médicos de clínico geral, pediatra, gastro, ginecologista, geriatra, dentista e outras especialidades. Além de consultas médicas, a clínica tem laboratório, ultrassonografia, eletrocardiograma, eletroencefalograma, colposcopia, entre outros, a preços populares. Uma  ultrassom nessa clínica do bairro da Santa Lúcia custa R$ 70 e com cartão de fidelidade baixa para R$ 50.  Exames laboratoriais têm preços de R$ 5 a  R$ 15, variáveis. A clínica atende os dois horários, até as 18h.
RESOLUÇÃO
As clínicas populares não necessitam obrigatoriamente de registro no Conselho Regional de Medicina, porque atuam com pessoas físicas, segundo o presidente da entidade, Fernando Pedrosa. Ele ressalta que o governo federal está alterando a resolução que normatiza as clínicas populares, até o final do ano, “e quando isso acontecer o CRM vai fiscalizar, mas isso não quer dizer que estejam irregulares”, pontuou.  
Segundo Pedrosa, quando a fiscalização for normatizada e se alguma clínica tiver irregular terá seis meses para se reajustar à lei, “mas não há nada contra as clínicas populares: elas prestam um bom serviço, importante à população e têm que ter alvará de funcionamento”, explica. A fiscalização das clínicas populares é feita pela Vigilância Sanitária Municipal, que expede o Alvará de Funcionamento, depois de verificar as condições de cada local funcionar, segundo o diretor  Paulo Bezerra .
 “Para uma clínica popular funcionar a contento tem que ter as mínimas condições de higiene, ter um técnico responsável, estar em dia com as obrigações (com o CRM); ter licença de localização e tirar a inspeção da Vigilância Sanitária”, finaliza.

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