sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Pesquisador acredita que Maceió está perdendo a identidade

José Bilú reclama da falta de comprometimento de alguns gestores que mudaram a arquitetura e a paisagem da cidade


Foto Adailson Calheiros
Para Bilú, patrimônio artístico-cultural de Maceió corre o risco
de desaparecer e cidade não tem muito o que comemorar
 / Tribuna Independente
Maceió comemora 200 anos no sábado (5), mas segundo o pesquisador e historiador alagoano José Bilú da Silva Filho, não tem muito o que comemorar. Ele reclama da falta de comprometimento de alguns gestores que mudaram a arquitetura e a paisagem da cidade, descaracterizando ou demolindo prédios e casarões antigos, fazendo com que a capital esteja perdendo a identidade.
As belezas de Maceió já foram retratadas em verso e prosa por poetas e artistas, mas José Bilú reclama que o patrimônio artístico-cultural da capital alagoana corre o risco de desaparecer, devido à falta de comprometimento com que vem sendo tratado. Segundo ele, os monumentos precisam de alguém que tome conta e não deixe ser depredado.
José Bilú é presidente da Academia de Letras, Artes e Pesquisa de Alagoas e tem um acervo de mais de quatro mil arquivos históricos do Estado de Alagoas. Fotos, livros, peças, recortes de jornais e documentos são resgatados pelo pesquisador, que é apaixonado pela cultura e história alagoana e se ressente da falta de apoio e incentivo por parte dos gestores.
O pesquisador é um entusiasta da história alagoana e guarda um verdadeiro tesouro em sua casa. Atualmente desempregado, José Bilú sobrevive do artesanato produzido pela esposa, que revende em frente da sua casa e da venda de algumas fotos de seu acervo para estudantes, escritores e outros pesquisadores.
Ele mostra uma foto curiosa de uma paisagem totalmente modificada. “Essa foto aqui é onde atualmente funciona a Câmara de Vereadores. Foi a residência do médico dr. Brandão, na Praça Deodoro; é da década de 1930 e foi um presente que recebi. Tem outras que eu ganhei de Teresinha Porto”, comenta.
Acervo de Bilú tem fotos antigas de praias e locais históricos
No acervo do pesquisador tem também uma foto da Praia de Pajuçara, tirada numa máquina russa, panorâmica, em 1963. São fotos que segundo ele ainda não foram publicadas no Facebook e que guardou para algum evento especial.
“Tenho muitos acervos, fotos antigas, livros, cartazes de filmes, peças doadas por famílias tradicionais. Muitos alunos me procuram para aprender mais sobre o Estado, vendo as fotos antigas, recortes de jornais e outros acervos”, completa.
A transformação radical sofrida pela capital alagoana é destacada por José Bilú, que dá várias sugestões para que a cultura alagoana não desapareça. “Se não tiver cuidado, daqui a poucos anos tudo vai desaparecer”, ressalta.
Outra curiosidade mostrada por ele é uma foto da Praça do Centenário quando ainda tinha uma fonte luminosa e azulejos coloridos no mapa. “Comecei a colecionar com 12 anos de idade e não parei mais. Tem muita foto que foi feita por meu avô, que era capitão da Marinha e tirou muitas fotografias. Da mesma forma que muita gente da família não teve interesse, eu guardei tudinho e através disso comecei a ganhar muita coisa”, observa.
BELA VISTA
Uma foto da Bela Vista, um casarão antigo que foi demolido, onde hoje é o Edifício Palmares, no Centro de Maceió, dá o tom de como era bonita a arquitetura antiga da cidade. Uma mansão, em estilo francês, segundo o historiador.
(Foto: Adailson Calheiros)
Historiador guarda foto do Bela Vista, um casarão que ficava localizado onde hoje é o Edifício Palmares
“O riacho Salgadinho é o cartão postal de Maceió e precisa ser recuperado, urgentemente,  bem como várias praças e prédios da cidade. Bebedouro morreu no tempo; os casarões antigos estão acabando, tudo acabado e sem memória; temos as praias mais lindas, mas o esgoto a céu aberto é um descaso”, reclama.
Segundo ele, infelizmente a nossa cultura, se não tiver um olhar especial, tende a acabar daqui a dois anos. “Infelizmente em Maceió existe isso: as fachadas das lojas do comércio, por exemplo, estão todas cobertas. Cada dia que passa, vão destruindo tudo; vai se acabando a história: é preciso fazer um resgate, urgente”, avalia.

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