sexta-feira, 1 de abril de 2016

Eu assino e passo a procuração

Olívia de Cássia - jornalista

Os últimos acontecimentos no país e na minha vida particular têm me feito refletir sobre vários aspectos, como cidadã, mulher, cristã, jornalista e seja lá qual seja a situação e apesar de não ter passado muito bem esta semana, me senti contemplada no dia de ontem e a mobilização pela democracia em todo o país me fez acreditar que o mundo ainda tem jeito.

E não estou aqui falando como eleitora da presidente Dilma e nem de Lula, porque o que se viu ontem foi uma aula de história, de cultura, democracia e muita alegria de pessoas que não aceitam mais golpe neste país.  

Me fizeram lembrar as manifestações de ontem, de tantos homens e mulheres que perderam suas vidas lutando por um país melhor e mais justo; e tudo aquilo me fez acreditar que eu escolhi o caminho certo para guiar minha vida e meus passos, já tão cambaleantes e sem saúde.

Lutar por uma sociedade mais justa e mais fraterna foi o que sempre fiz, desde a mais tenra idade, embora sem saber o que fosse isso. Na União dos Palmares daqueles tempos eu vivi uma adolescência e juventude sendo rebelde, atropelando costumes que eu avaliava que não serviam para mim, porque não era aquela situação que me fazia feliz.

E por conta da minha rebeldia eu passei por algumas situações pessoais nem tão prazerosas; sempre defendi as liberdades individuais; que as pessoas tenham o direito de determinar a condução de suas vidas e de realizar suas escolhas de acordo com suas próprias consciências.

Essa filosofia de vida que defendi, desde que comecei minhas leituras, sempre abominou a agressão contra terceiros, possibilitando, assim, o pleno desenvolvimento de suas capacidades intelectuais e felicidade.

Com o tempo eu fui lapidando um pouco meus conhecimentos e minha maneira de ver a vida e fui me aproximando dos socialistas utópicos: cheguei a ler poucos livros filosóficos que tratavam do assunto.

Já na faculdade conheci os companheiros comunistas e socialistas e percebi que aquele sim era o meu mundo e que aquelas pessoas tinham ideias semelhantes às minha e que eu não era tão louca como diziam e se o fosse, que se danasse o resto do mundo.

Vejo no momento atual amigos que defendem os dois lados, mas nem por isso, os que estão do lado contrário ao meu vão ser inimigos. Temos que ser fraternos e respeitar as individualidades de cada um, mesmo que essa maneira de pensar não se coadune com a nossa. E exijo respeito do mesmo jeito.

Palavras de baixo calão, agressões verbais, deselegância intelectual e moral são comportamentos inadequados de gente sem etiqueta. Não aquela etiqueta da granfinagem, mas aquela que a gente aprende no berço.

 Tomei uma decisão e saí já de dois grupos do WatSap, por conta de comportamentos que não aceitam a opinião dos outros, de pessoas que avaliam ser os donos do mundo e da verdade. E ainda têm o disparate de me acusar de doutrinada e alienada. E para não perder o prumo, achei por bem sair desse imprensado.

A liberdade e a democracia são os bens maiores que sempre defendi e não vai ser agora que vou mudar de lado, só porque grupos resolveram odiar um partido que tirou milhares de pessoas da miséria absoluta.

Estou e estarei sempre do lado que sempre estive e como disse a presidente Dilma, “precisamos nos manter vigilantes e oferecer resistências às tendências antidemocráticas e às provocações. Nós não defendemos qualquer processo de perseguição de qualquer autoridade porque pensa assim ou assado. Nós não defendemos a violência”, observou.

E como ela pontuou em seu discurso, sem democracia, a estrada das lutas pela igualdade, contra o preconceito será muito mais difícil. “Por isso, nós não vamos permitir que nossa democracia seja manchada", disse Dilma. E eu assino e passo a procuração.

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