quarta-feira, 28 de setembro de 2016

E ali estava eu

Por Olívia de Cássia

E ali estava eu: um tanto quanto incrédula diante daquela reviravolta; eu sabia que poderia ser verdade, mas fazia de conta que poderia não ser: como a gente faz quando não quer acreditar em algum fato corriqueiro da nossa convivência pessoal, ou não quer enxergar.

Às vezes damos uma de 'João sem braço', para continuar lutando por aquilo que a gente acredita. Muitos anos pensando que aquela situação fosse a 'felicidade' que eu porocurava, para não ter que dar o braço a torcer e acreditar que as outras pessoas tinham razão quando insinuavam o contrário.

Eu não queria aceitar ou fingia que não acontecia. A vida é assim: no livro O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini (2012) Amir e Hassan, dois meninos quase da mesma idade, vivem vidas muito diferentes no Afeganistão da década de 1970.

Amir é rico e bem-nascido, um pouco covarde, e sempre em busca da aprovação de
seu próprio pai. Hassan, que não sabe ler nem escrever, é conhecido por coragem e bondade. Os dois, no entanto, são loucos por histórias antigas de grandes guerreiros, filmes de caubói americanos e pipas.

E é justamente durante um campeonato de pipas, no inverno de 1975, que Hassan dá a Amir a chance de ser um grande homem, mas ele não enxerga sua redenção. Da mesma forma, assim como na ficção, a vida imita a arte e muitas vezes agimos assim, deixando escapar a chance de sermos outra pessoa.

Deixamos passar alguns momentos na vida, que não adianta o lamento depois. E como dizem por aí, quando a gente abre o olho, o tempo já passou. "O tempo passa muito rápido, e a pior coisa é se arrepender. Não adianta a gente lamentar pelo o que não fez, e se arrepender do que fez".

Eu me arrependi do que não fiz. Não temos uma segunda chance em muitos aspectos da vida e quando temos ela não vem da mesma forma. Eu aproveitei muito; vivi bons momentos ao lado dos amigos e posso dizer que fui muito feliz. Mas também tive meus dias tumultuados: na juventude e nos meus relacionamentos pessoais, como todo mundo.

Afora isso, não nego que gostaria de ter uma segunda chance: e quem não gostaria de tê-la! Mas não o tendo, precisamos aprender 'a fazer a limonada com apenas um limão', aproveitar o que a vida ainda tem para oferecer e pensar positivamente, não deixando que os maus fluídos e gente negativa nos influencie.

Nem sempre isso é possível, mas temos que tentar, ser persistente, teimoso. Gostar de poesia, de mar, de suavidade, de bichos; não se contentar com o que está estabelecido apenas por comodidade, mas não ser arrogante ao ponto de não aceitar ajuda dos outros.

É assim que tenho procurado viver meus dias de ocaso, até que Deus ou o destino ou sejaz lá que entidade for tenha tomado conta de mim e me leve para um lugar de luz, de céu, de mar, de flores, de muitos anjos protetores. É só o que peço, todos os dias, se eu merecer... Bom dia e boa tarde.

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