sábado, 3 de setembro de 2016

Quando bate a incerteza...


Por Olívia de Cássia

Sabe meu Diário, quando bate aquela tristeza e o momento de incerteza do que se vai por aí? É como me sinto neste momento que posso dizer que não é mágico e nem tão suave como eu queria que fosse.

Ando à flor da pele, sensível por demais; talvez seja culpa das novas descobertas e dessa nova vida que estou levando. Dentro de mim mora uma menina que queria mudar o mundo, se fazer um ser humano melhor, coisa que nem sempre a gente é compreendida.

O padre Fábio de Melo, que muito admiro, disse que devemos dar valor às palavras e pensamentos produtivos, construtivos, normalmente vindos de pessoas que nos amam verdadeiramente.

Mas não sei por qual motivo, quem a gente ama, seja lá quem for, família ou amigo, nos deixa mais entristecida do que deveria. Por esses dias, Diário, eu talvez não tenha sido compreendida nas minhas atitudes e deixei insatisfeitas algumas pessoas.

Tem momentos que tomamos iniciativas com objetivo de mostrar o nosso amor pelo próximo e o resultado sai pelo avesso, mas interpretado e mal conduzido. E nesse momento eu fico arrasada por demais; vou ao chão.

É como se tivessem me roubado a alegria, a minha forma de mostrar o meu carinho e a boa vontade. Não que eu seja melhor do que outras pessoas; muito pelo contrário. Tenho infinitos defeitos e não tenho medo de confessá-los ou de expor o que sou. Sou um ser humano errante à procura da minha missão aqui na terra.

Não sou do tipo que se esconde por trás de uma couraça ou de um mundo que não é o meu. Não nego minhas raízes. Nasci nua comunidade que hoje já não existe e foi levada pelo Rio Mundaú. Vivi ali até nove anos, mas volta e meia estava eu no mesmo local.

Avalio que existem situações que são difíceis de enfrentar, assumir e superar para todos nós, como o abandono, a rejeição, o desprezo, a culpa, etc. Sim, a culpa e o medo são os piores sentimentos que a gente carrega e talvez esteja aí a chave do problema.

Segundo os estudiosos no tema, quem age de maneira rude e mal educada com seus semelhantes é porque carrega dentro de si fardos muito pesados e é nessas horas que tem que perceber que as outras pessoas não têm culpa de seus destemperos, suas querelas interiores.

"A personalidade e o temperamento de cada pessoa influenciam no seu comportamento diante deste tipo de situações que podem provocar uma grande dor emocional. Por isso, há quem se exponha a situações dolorosas sem se proteger, com certa tendência ao masoquismo, até ficar tremendamente machucado e ferido", diz a psicanálise.

Eu não quero e não desejo essa situação para mim. Muitas vezes fazemos algo achando que estamos agradando, sendo gentil, registrando momentos importante do convívio familiar, avaliando que isso pode ser uma prova de amor aos seus.

Ledo engano. Não nos veem assim. Por outro lado, devemos procurar entender o motivo pelo qual as pessoas agem dessa forma. Segundo os estudiosos, pode ser alguma sitação mal resolvida; negação do passado.

O psicanalista Sigmund Freud analisou a questão e dividiu a repressão psicológica em dois tipos: "a repressão primária, na qual o inconsciente é constituído; e a repressão secundária, que envolve a rejeição de representações inconscientes", pontuou.

Segundo ele, "a repressão é o processo psíquico através do qual o sujeito rejeita determinadas representações, ideias, pensamentos, lembranças ou desejos, submergindo-os na negação inconsciente, no esquecimento, bloqueando, assim, os conflitos geradores de angústia".

Talvez seja essa a explicação para a classe média brasileira estar se achando burguesa e esquecendo de seu passado e de suas origens. Para reflexão na manhã de sábado. Bom dia.

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