quinta-feira, 6 de abril de 2017

Sobre o medo

Por Olívia de Cássia

Por causa do medo que eu tinha de tomar iniciativas que eu queria e precisava tomar, eu perdi algumas oportunidades de crescer e me realizar profissionalmente e pessoalmente, da maneira que sempre sonhei. O medo é uma limitação que nos aprisiona.

Dizem que ter medo de reconhecer erros é abdicar de todo potencial que pode ser descoberto após transcendê-los. Sonhei com muitas viagens, com reconhecimento profissional, em cobrir conflitos externos e em ser uma pessoa melhor.

Sempre fui uma sonhadora, idealista e luto por um mundo melhor para todos. No momento de agora, mais cética diante da atual conjuntura, não deixo de lutar pelos meus ideais, embora eu tenha mais paciência para determinadas situações. Ninguém é perfeito.

Agora na maturidade e fora do mercado de trabalho por conta da aposentadoria, estou em paz. Não pensei que fosse me acostumar tão logo afastada do trabalho, da reportagem, que sempre foi o meu sonho. Agora não adianta arrependimentos e frustrações.

Ninguém quer ter um problema de saúde grave, para se afastar do trabalho. A ataxia vai nos limitando, roubando os nossos movimentos, nos tornando mais frágeis. Mas ainda quero viver muitas situações de prazer pessoal, conhecer outras culturas e espero que não seja tarde demais.

Que ainda me seja dada uma oportunidade de melhorar, uma prorrogação, para que eu possa desfrutar o momento de agora. Talvez a psicologia explique o motivo de eu ter tanto medo e ter me libertado desse sentimento que vai nos consumindo e acabando com a autoestima.

Minha saudosa mãe, no seu cuidado e vigilância dobrada com a minha pessoa, àquela época, me dava muitos conselhos, à sua maneira e me fazia muito medo de tudo, para que eu não caísse em tentações da vida, por conta das amizades que eu tinha.

Ela preferia acreditar no que os outros diziam do que confiar em mim; muitas vezes entrávamos em conflito, por conta da nossa divergência de ideias; desses medos dela que depois eu absorvi com o tempo, mesmo sendo rebelde a maior parte do tempo, o que não me ajudou muito.

Foram momentos tensos, divergências de pensamentos, ideias e objetivos, deparando-nos com situações de conflito. Quando meu pai e minha mãe se foram passei a me questionar a respeito de várias questões interiores e a me perguntar se tinham me perdoado pelas minhas atitudes.

Agora compreendo que não foi por falta de amor que eles, principalmente minha mãe, agiam daquela forma comigo. Era a sua maneira de amar, com rusticidade, que eu não entendia. Com o tempo a gente vai desvendando os mistérios da alma.

Que todos possam ter essa compreensão da vida a tempo de redimir-se diante de nós, diante da vida. Bom dia.

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